quarta-feira, 15 de agosto de 2012


6.5- Os irmãos (e cunhados) de CJM


Francisco Negrão, na “Genealogia Paranaense” (1), informa que CJM teve duas irmãs e um irmão.  São os seguintes:  

Maria Lícia Munhoz- casou em Paranaguá no  dia 2 de fevereiro de 1850 (2) com o português Manoel Martins da Rocha (...- 1883) (3). Tiveram 7 filhos, dentre os quais Bento Munhoz da Rocha e Florêncio Munhoz da Rocha, dedicados à atividade ervateira.

Balbina Lícia Munhoz (...-1888)- casou com o major (da Guarda Nacional) Mathias Taborda Ribas, “comendador e importante industrial”, nas palavras de F. Negrão. O casal não teve descendentes. Maria Nicolas afirma que Mathias foi batizado em 1833 e faleceu em 1891, e que tinha engenho de erva-mate no Pilarzinho. Foi deputado provincial nas legislaturas de 1874-75, 1876-77 e 1886-87 (e também vereador em Curitiba, acrescento eu) (4). Assinou, juntamente com outros empresários, lista para a constituição da Associação Comercial do Paraná em 1890 (5), sendo filho do capitão Ricardo José Taborda Ribas, “grande latifundiário e pecuarista no Paraná”, segundo R. Costa de Oliveira (6). O cap. Ricardo morreu assassinado em 18 de abril de 1840 (7).

Mathias Taborda Ribas, então capitão, assumiu a direção da Colônia Militar do Jataí em 10 de agosto de 1867, e nessa condição é citado pelo presidente Horta de Araújo em seu relatório de 15 de fevereiro do ano seguinte (p. 38). A colônia, pela legislação, deveria ter organização militar, mas seu pessoal era paisano. Contava então 210 pessoas (39 famílias). Nela se cultivava milho, feijão, arroz, cana- de- açúcar, mandioca etc. Localizava-se na margem direita do rio Tibagi, em frente ao aldeamento indígena de S. Pedro de Alcântara, situado na margem esquerda do mesmo rio, afluente do Paranapanema. Seu estado não era promissor, principalmente por causa da ausência de estradas, segundo Horta de Araújo, para quem, “aberta a comunicação com a província de Mato Grosso”, (o governo) poderá estabelecer ali um ponto militar que sirva de seguro apoio à fronteira da província”. A questão estava relacionada à navegação pelos rios Tibagi e Paranapanema, por meio dos quais se poderia chegar ao Mato Grosso. Mathias Taborda Ribas administrou a Colônia até 1º de fevereiro de 1869, conforme o relatório do presidente Antonio Augusto da Fonseca de 1º de setembro do mesmo ano, p.16.  

Em 14 de julho de 1873, o capitão Mathias Taborda Ribas foi nomeado major comandante do 5º esquadrão de cavalaria do distrito de Rio Negro (cf relatório do presidente Frederico C.A. Abranches de 15 de fevereiro de 1874, p. 7).

No ano seguinte, em 21 de abril, Mathias deixou de exercer o cargo de administrador do registro de Rio Negro para tomar assento na Assembleia Legislativa Provincial (cf relatório do presidente Frederico C.A.Abranches de 15 de fevereiro de 1875, p. 41). 

  “O Paranaense” de 2 de novembro de 1879- p. 3 (“Órgão do Partido Conservador”) traz uma nota sobre a inauguração do novo engenho de erva-mate de Mathias Taborda, a cuja cerimônia de benção foram convidados o vigário padre Agostinho e o frade Luis de Cimitili.  Mathias e sua esposa ofereceram aos presentes “um profuso copo d’água”. Ele assegura poder socar ali 280 arrobas de erva por dia ou 4.200 kg. Para o jornal, esse novo engenho “é o melhor engenho atualmente em Curitiba. Está assentado num dos lugares mais aprazíveis do rocio”. Indica como uma de suas condições especiais a grande abundância d’água. “No mesmo lugar e com a mesma água trabalham dous engenhos pertencentes ao referido nosso amigo”.

  Sobre esse cunhado de CJM encontrei algumas referências no  “Dezenove de Dezembro”:

Em 1885, ele era vereador em Curitiba, como mostra uma ata da sessão da Câmara Municipal de Curitiba, publicada no jornal (8). O DD de 8 de janeiro de 1886- p. 1 informa sua eleição para o cargo de presidente daquela  Câmara, cujas funções ele exercerá “no corrente ano”. Mas logo depois, o DD de 26 de fevereiro de 1886- p.1 comunica que ele é um dos deputados eleitos para a futura Assembleia Provincial. O jornal divulga a relação de todos os deputados eleitos: 12 liberais e 10 conservadores. No final de 1887, o major Mathias Taborda Ribas e outros “chefes” do Partido Conservador (comendadores Antonio Ricardo dos Santos e Ildefonso Pereira Correia, coronel José Correia de Bittencourt, Eduardo Augusto de Vasconcelos Chaves) dirigiram uma circular aos seus correligionários “convidando-os para a eleição de deputados provinciais” (9).

O major Mathias Taborda Ribas foi nomeado em 1888  2º suplente do juiz municipal da capital  (10) e exerceu as funções de juiz de órfãos (cargo do qual era 2º suplente) (11).

Após o falecimento de sua mãe, D. Francisca Joaquina Lustosa de Andrade, ele libertou as escravas Januária e Sebastiana, de propriedade dela, conforme o DD de 29 de fevereiro de 1888- p.1. As cartas de liberdade foram entregues pelo Visconde de Nácar na igreja Matriz, por ocasião da missa de 7º dia do falecimento. Nessa mesma data da edição do jornal, 29 de fevereiro, o major Mathias sofre outro duro golpe com a morte de sua esposa, D. Balbina Lícia, irmã de CJM (12).

Em 1889, por algumas edições do DD (13), verifico que Mathias Taborda Ribas pertencia a uma ala do Partido Conservador que se contrapunha então à dos “Correias”, e sua política, integrada pelo Barão do Serro Azul, senador Correia e Visconde de Nácar. A ala de Mathias era a mesma de José Francisco da Rocha Pombo, Dr. Justiniano de Mello e Silva, Zacarias de Paula Xavier, Tobias de Macedo, Ricardo S.D. Negrão e outros. Nesse mesmo ano de 1889, Mathias é um dos agraciados com o oficialato da Ordem da Rosa (14).

Bento Florêncio Munhoz- casou, em 25 de agosto de 1852, com Maria do Céu Taborda Ribas, então com 15 anos (15), filha do capitão Ricardo José Taborda Ribas e de Francisca Joaquina de Andrade. O casal Bento-Maria do Céu não teve filhos. Ela era irmã do major Mathias Taborda Ribas. Assim, os irmãos Balbina e Bento casaram com os também irmãos Mathias e Maria do Céu.   

A próxima seção deste capítulo refere-se a Bento Florêncio Munhoz.   



NOTAS


(1) NEGRÃO, Francisco- “Genealogia Paranaense”-op cit, v. I, p. 255, 262, 263

(2)   Informação fornecida pela Mitra Diocesana de Paranaguá.

(3) O ano da morte é 1883 porque Florêncio Munhoz da Rocha, no DD de 5.06.1884- p.4, convida para missa pela alma do pai “no 1º aniversário de seu falecimento”.

(4) NICOLAS, Maria—“130 Anos de Vida Parlamentar Paranaense”- op cit, p. 119, 124, 125 e 159. O “Dezenove de Dezembro” refere-se a ele também como vereador (cf por exemplo o DD de 1.08.1883- p. 4)

(5) OLIVEIRA, Ricardo Costa de—“O Silêncio dos Vencedores”- op cit, p. 62

(6) OLIVEIRA, Ricardo Costa de – op. cit., p. 62, com base em Negrão, Francisco—“Genealogia Paranaense” v.II, p. 247

(7) NEGRÃO, Francisco-- “Efemérides Paranaenses”.1º volume (janeiro a junho). Edição comemorativa do 20º aniversário de fundação do Círculo de Estudos “Bandeirantes”. Curitiba, 1949- p. 224  

(8) Cf ata da sessão da Câmara Municipal de Curitiba realizada em 3 de outubro de 1885, publicada no DD de 23.10.1885- p.2

(9) DD de 26.11.1887-p.2

(10) DD de 1.02.1888- p. 1

(11) DD de 18.09.1888- p. 4

(12) DD de 3.03.1888- p.1 

(13) DD de 2.03.1889- p. 1; DD de 16.03.1889- p. 1; DD de 10.08.1889- p. 2 

(14) DD de 15.10.1889- p. 2

(15) NEGRÃO, Francisco—“Genealogia Paranaense”- op cit, v.II, p. 248

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